O Internet Explorer 8, novo browser da Microsoft que se encontra ainda em fase de testes, já está deixando o mundo publicitário preocupado. A função InPrivate poderia bloquear a possibilidade de distribuir, acompanhar e monetizar a indústria de publicidade na internet, que o Interactive Advertising Bureau calcula que deve movimentar US$ 21 bilhões por ano.
Mas o gerente geral da Microsoft para o IE Dean Hachamovitch diz que todos devem ficar calmos. “A questão não é bloquear conteúdo ou publicidade, mas sim deixar os usuários no controle daquilo que eles estão compartilhando”, disse ele, adicionando que ele já leu muitas coisas erradas sobre o que o InPrivate pode ou não fazer.
Por exemplo, o InPrivate Browsing apenas permite que o usuário esconda algumas atividades da sessão de acesso de outras pessoas, como membros da família (a ferramenta já é chamada de “Modo Pornô”).
Ele não proíbe a publicidade de ser entregue ao usuários e nem a possibilidade de os anunciantes contarem as visualizações. Na prática, ele permite ao usuário surfar por sites sem deixar qualquer rastro de conteúdo, como uma lista de endereços visitados, cookies, ou qualquer dado. Isso poderia significar que durante as seções InPrivate também não haverá cookies para uso futuro de anunciantes.
O InPrivate Blocking ajuda a informar aos usuários sobre sites que contantemente o acompanham e coletam históricos de navegação. De fato, quando o usuário entra numa seção InPrivate, ela automaticamente bloqueia conteúdos de terceiros se detectar-se que essa terceira parte “viu” o usuário mais de 10 vezes.
Então, por exemplo, se o terceiro for o site advertising.com e estiver fornecendo publicidade para 10 sites que foram visitados durante uma seção InPrivate, no 11º haverá o bloqueio de conteúdo dele.
Mike Zaneis, diretor de políticas públicas do Internet Advertising Bureau, disse que apesar de considerar que o InPrivate não é uma opção default do Internet Explorer – o que significa que os usuários precisam fazer a opção por ele manualmente. Mas ele se preocupa: “Com o share do IR, será que tantas pessoas acionarão a seção a ponto de afetar as receitas para a indústria? Qualquer conteúdo de qualquer origem que aparece como de “terceira parte”, e sabemos que publicidade ou novos feeds são encarados assim, pode ser bloqueado. Você pode bloquear com isso as companhias que fazem a auditoria da publicidade entregue”.
Hachamovitch, da Microsoft, concorda que o IE 8 não tem como saber se o conteúdo de “terceira parte” é publicidade ou qualquer outra coisa. Ele apenas diz se é conteúdo de fora.
Ou seja, qualquer conteúdo pode mesmo ser bloqueado. No entanto, ele insiste na idéia de que o usuário precisa acionar o InPrivate a todo instante para que isso ocorra. E que ele pode permitir conteúdos de alguns sites confiáveis.
A grande questão é que se o InPrivate dá o poder ao consumidor de controlar a informação online que ele decide dividir, ou não. ParaHachamovitch, “num mundo de pessoas bem informadas que esperam ter o poder da escolha, todos precisamos pensar muito sobre como conduzimos o negócio. O IE8 nos faz pensar sobre as expectativas que as pessoas podem ter sobre o que elas dividem e o que não dividem”.
Claro que a Microsoft não é anti-propaganda, e depende de receitas de seus próprios sites como o MSN. Um outro porta-voz disse que os anúncios com target na internet trazem muitos benefícios, mas que a companhia acredita que os consumidores tem o direito de saber quando isso está acontecendo e optar por tê-los ou não.
Do AdAge.